Caro Procurador Leonir Batisti. Vejo que anda meio sumido dos
holofotes que tanto adora. Não se preocupe, Excelência, serei
extremamente respeitoso. Inicialmente quero cumprimentá-lo pelas
sucessivas vitórias destes últimos dias. Vossa excelência enfrentou o
rodízio, e venceu. Lutou para mudar o decreto e mais uma vez, venceu. O
decreto não lhe agradou e nos bastidores, lutou para muda-lo de novo, e
venceu. Por fim a sua maior vitória, o Dr. Cid Vasques, cansado de suas
bravatas na imprensa , lamentavelmente deixou a pasta da Secretaria de
Segurança Pública. Parabéns Excelência, venceu de novo, mas a sociedade,
perdeu. Excelência, muitos falam que os integrantes da Polícia
Judiciária não gostam dos Promotores. Mentira, não gostamos de covardes,
neste caso podem ser Promotores ou Policiais. O Dr. Cid Vasques estava
fazendo um trabalho brilhante que poderia ter continuado. Cometeu um
erro, não se submeteu aos caprichos da “banda podre” do Ministério
Público. Não se irrite, mas quero ainda acreditar que pelo menos os
Senhores tenham uma banda boa, o que está difícil, face aos auxílios
alimentação, saúde, moradia e outros. Que vexame, hein? Tenho certeza
que os Senhores farão o mesmo joguinho de cena. Dirão que o auxílio
moradia dos Juízes é ilegal e imoral, e de fato é. A OAB fará outras
cenas para aparecer na mídia. E depois de seis meses, os nossos
“honrados e honestos” Promotores estarão pedindo o mesmo por
“simetria”. A simetria da falta de vergonha e da irresponsabilidade com
dinheiro público. Ah!, perdão, Excelência, quase perdi o foco. Ouço
comentários de que O GAECO tem todas as autoridades na “mão” e que por
essa razão conseguem qualquer coisa. È realmente tenho que admitir que
paira algo estranho no ar. Comenta-se que o Senhor não reprime estes
comentários e que, se sente de certa forma importante com o temor que
inspira em algumas “autoridades”. Pois bem, para que Vossa Excelência
não se iluda pensando que a Polícia Judiciária tem algum receio do
Senhor e de seus seguidores, vamos à algumas informações. A semana
passada foi de fato decisiva. No dia 18 de fevereiro, pela manhã, como
representante da Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves, solicitamos
providências junto ao Conselho Nacional do Ministério Público, com
relação ao vergonhoso Caso João Marcos. Percebi que o Ministério Público
do Paraná não é digno de confiança. Não que eu confie no tal Conselho,
trata-se de seguir formalidades, não se iluda. Vejo que Vossa Excelência
só dá entrevistas de cabeça baixa. Para o seu caso, esta é a melhor
posição, pois Vossa Excelência é uma grande farsa. No dia 21 de junho de
2003, o sangue do jovem João Marcos escorreu no asfalto da rua Maringá,
em Londrina. A sociedade se calou. Policiais se sentiram coagidos.
Peritos, com medo, fizeram afirmações inverídicas em seus laudos. Os
Membros do Ministério Público se uniram em defesa de uma covardia. O
Secretário de Segurança, na época também Promotor, não moveu um dedo
para ajudar uma pobre mãe que até hoje clama por justiça. Que vergonha,
hein! O sangue de João Marcos que escorreu pela rua naquela fatídica
noite em que agonizou até a morte, já secou, porém as lagrimas dos olhos
da mãe Sônia Maria, mesmo dez anos depois, ainda escorrem
insistentemente, e não se secará jamais. No seu desespero de mãe,
Excelência, ela o chama de “covarde”. Tentei todos esses anos ser
processado por Vossa Excelência para poder demonstrar á toda sociedade
os indícios que apontam Vossa Excelência como autor do delito, mas nada.
Nenhuma reação, nenhum processo. Lanço aqui um desafio ao Senhor ou a
qualquer outro membro deste vergonhoso Ministério Público, para que
venham discutir publicamente os indícios que constam nos autos de
inquérito Policial n.º 280/03, da 5.ª Vara Criminal de Londrina. É por
essa razão Excelência, que chamo a ajuda de custo que é paga
indevidamente aos Policiais que aceitam trabalhar no GAECO de “auxílio
silêncio” ou “auxílio covardia”, mas creio que um bom nome seria
“auxílio João Marcos”. A morte em si deste pobre entregador de pizza,
não é o mais vergonhoso, pois acidentes podem acontecer com qualquer um.
Vergonhosa foi a fuga, a omissão de socorro. Vergonhosas foram os
atos ilícitos praticados para ocultar o verdadeiro criminoso.
Vergonhosas foram as intimidações feitas por alguns Promotores contra os
familiares da vítima que buscavam apenas justiça. Foi muito bom Vossa
Excelência lutar pelo fim do rodízio dos Policiais cedidos ao GAECO,
pois caso aconteça de novo é só reajustar o valor do “auxílio covardia”.
A única coisa que lamento, é que estes Policiais que hoje estão no
GAECO, deixarão de participar de um momento ímpar na Polícia Judiciária.
Nós estamos caminhando para ser a mais eficiente e confiável dentre
todas as demais Instituições. Temos nossos problemas, somos sinceros em
admitir, mas temos condições de enfrenta-los. È uma pena que estes
Policiais permaneçam excluídos deste processo. Por fim Excelência, por
não confiar neste Ministério Público omisso, insano e covarde,
informamos que a Comissão prosseguirá nas ações para demonstrar à
sociedade os indícios que apontam Vossa Excelência como o autor do
delito. Os Policiais que decidirem permanecer no GAECO sob seu comando,
é porque não se importam com atos covardes que são praticados contra
pessoas pobres. Mas como sempre digo em minhas aulas de ética,
Excelência, passarinhos de mesma cor gostam de voar juntos. Os que
decidirem permanecer, é porque demonstram que não servem para a Polícia
Judiciária, pois aqui não é lugar apropriado para COVARDES.. A mãe de
João Marcos continuará chorando a perda de seu filho, mas chorará
sempre de cabeça erguida, ao passo que Vossa Excelência continuará por
toda vida concedendo entrevistas, mas não se esqueça, permaneça de
cabeça baixa. É mais apropriado para Vossa Excelência. Aguardo
ansiosamente ser processado por Vossa Excelência ou por um de seus
pares. Que Deus o abençoe.
Claudio MARQUES Rolin e Silva
Delegado de Polícia
Coordenador Geral de Ações da Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves
Claudio MARQUES Rolin e Silva
Delegado de Polícia
Coordenador Geral de Ações da Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves
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