terça-feira, 4 de março de 2014

Carta Aberta ao Coordenador do GAECO.

            Caro Procurador Leonir Batisti. Vejo que anda meio sumido dos holofotes que tanto adora. Não se preocupe, Excelência, serei extremamente respeitoso. Inicialmente quero cumprimentá-lo  pelas sucessivas vitórias destes últimos dias. Vossa  excelência enfrentou o rodízio, e venceu. Lutou para mudar o decreto e mais uma vez, venceu.  O decreto não lhe agradou e nos bastidores, lutou para muda-lo de novo, e venceu. Por fim a sua maior vitória, o Dr. Cid Vasques, cansado de suas bravatas na imprensa , lamentavelmente deixou a pasta da Secretaria de Segurança Pública. Parabéns Excelência, venceu de novo, mas a sociedade, perdeu. Excelência, muitos falam que os integrantes da Polícia Judiciária não gostam dos Promotores. Mentira, não gostamos de covardes, neste caso podem ser Promotores ou Policiais. O Dr. Cid Vasques estava fazendo um trabalho brilhante que poderia ter continuado. Cometeu um erro, não se submeteu aos caprichos da “banda podre” do Ministério Público. Não se irrite, mas quero ainda acreditar que pelo menos os Senhores tenham uma banda boa, o que está difícil, face aos auxílios alimentação, saúde, moradia e outros. Que vexame, hein? Tenho certeza que os Senhores farão o mesmo joguinho de cena. Dirão que o auxílio moradia dos Juízes é ilegal e imoral, e de fato é. A OAB fará outras cenas para aparecer na mídia. E depois de seis meses, os nossos “honrados  e honestos” Promotores estarão pedindo o mesmo por “simetria”. A simetria da falta de vergonha e da irresponsabilidade com dinheiro público. Ah!, perdão, Excelência, quase perdi o foco.  Ouço comentários de que O GAECO tem todas as autoridades na “mão” e que por essa razão conseguem qualquer coisa. È realmente tenho que admitir que paira algo estranho no ar.  Comenta-se que o Senhor não reprime estes comentários e que, se sente de certa forma importante com o temor que inspira em algumas “autoridades”.  Pois bem, para que Vossa Excelência não se iluda pensando que a Polícia Judiciária tem algum receio do Senhor e de seus  seguidores, vamos à algumas informações.  A  semana passada foi de fato decisiva. No dia 18 de fevereiro, pela manhã, como representante da Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves, solicitamos providências junto ao Conselho Nacional do Ministério Público, com relação ao vergonhoso Caso João Marcos. Percebi que o Ministério Público do Paraná não é digno de confiança. Não que eu confie no tal Conselho, trata-se de seguir formalidades, não se iluda. Vejo que Vossa Excelência só dá entrevistas de cabeça baixa. Para o seu caso, esta é a melhor posição, pois Vossa Excelência é uma grande farsa. No dia 21 de junho de 2003, o sangue do jovem João Marcos escorreu no asfalto da rua Maringá, em Londrina. A sociedade se calou. Policiais se sentiram coagidos. Peritos, com medo, fizeram afirmações inverídicas em seus laudos. Os Membros do Ministério Público se uniram em defesa de uma covardia. O Secretário de Segurança, na época também Promotor, não moveu um dedo para ajudar uma pobre mãe que até hoje clama por justiça. Que vergonha, hein! O sangue de João Marcos que escorreu pela rua naquela fatídica noite em que agonizou até a morte, já secou, porém as lagrimas dos olhos da mãe Sônia Maria, mesmo dez anos depois, ainda escorrem insistentemente, e não se secará jamais. No seu desespero de mãe, Excelência, ela o chama de “covarde”. Tentei todos esses anos ser processado por Vossa Excelência para poder demonstrar á toda sociedade os indícios que apontam Vossa Excelência como autor do delito, mas nada. Nenhuma reação, nenhum processo. Lanço aqui um desafio ao Senhor ou a qualquer outro membro deste vergonhoso Ministério Público, para que venham discutir publicamente os indícios que constam nos autos de inquérito Policial n.º 280/03, da 5.ª Vara Criminal de Londrina. É  por essa razão Excelência, que chamo a ajuda de custo que é paga indevidamente aos Policiais que aceitam trabalhar no GAECO de “auxílio silêncio”  ou “auxílio covardia”, mas creio que um bom nome seria “auxílio João Marcos”. A morte em si deste pobre entregador de pizza, não é o mais vergonhoso, pois acidentes podem acontecer com qualquer um. Vergonhosa foi a fuga, a omissão de socorro. Vergonhosas  foram  os atos ilícitos praticados  para ocultar o verdadeiro criminoso. Vergonhosas foram as intimidações feitas por alguns Promotores contra os familiares da vítima que buscavam apenas justiça. Foi muito bom Vossa Excelência lutar pelo fim do rodízio dos Policiais cedidos ao GAECO, pois caso aconteça de novo é só reajustar o valor do “auxílio covardia”. A única coisa que lamento, é que estes Policiais que hoje estão no GAECO, deixarão de participar de um momento ímpar na Polícia Judiciária. Nós estamos caminhando para ser a mais eficiente e confiável dentre todas as demais Instituições. Temos nossos problemas, somos sinceros em admitir, mas temos condições de enfrenta-los. È uma pena que estes Policiais permaneçam excluídos deste processo. Por fim Excelência, por não confiar neste Ministério Público omisso, insano e covarde, informamos que a Comissão prosseguirá nas ações para demonstrar à sociedade os indícios que apontam Vossa Excelência como o autor do delito. Os Policiais que decidirem permanecer no GAECO  sob seu comando, é porque não se importam com atos  covardes que são praticados contra pessoas pobres. Mas como sempre digo em minhas aulas de ética, Excelência, passarinhos de mesma cor gostam de voar juntos. Os que decidirem permanecer, é porque demonstram que não servem para a Polícia Judiciária, pois aqui não é lugar apropriado para COVARDES.. A mãe de João  Marcos continuará chorando a perda de seu filho, mas chorará sempre de cabeça erguida, ao passo que Vossa Excelência continuará por toda vida concedendo entrevistas, mas não se esqueça, permaneça  de cabeça baixa. É mais apropriado para Vossa Excelência. Aguardo ansiosamente ser processado por Vossa Excelência ou por um de seus pares. Que Deus o abençoe.

Claudio MARQUES Rolin e Silva
Delegado de Polícia
Coordenador Geral de Ações da Comissão de Direitos Humanos Irmãos Naves

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